terça-feira, 2 de dezembro de 2008

UM SONHO DE SIMPLICIDADE 2




Pensei em uma média razoável para mim. Ainda acho demais. Mas fiz está escolha simples. Contento-me com ela por hora. Decidi agir da seguinte forma: Escolhi cinco peças de cada item do vestuário, sem exceção, apenas cinco. O resto? Doação que sempre chega em boa hora para quem precisa. Salvo roupa íntima é claro; Dona Teresinha agradeceu...
Ainda é um privilégio eu sei, no país dos desprovidos, estar provido de tanto. Mas já é um começo. Mesmo não sendo consumista achei que tinha demais.
Às vezes precisamos de um choque para tomar atitudes simples. Crianças em abrigos, apenas com a roupa do corpo em Santa Catarina, centenas de colchões espalhados lado a lado, sim, muitos tinham sua casa, seu carro e perderam muito mais que isso. Perderam-se vidas humanas, famílias inteiras, mães sem os filhos, filhos sem mãe, dores que não cicatrizam.
Sim, tenho demais ainda. Só me desfiz de uma parte material, mesquinha, pouco, muito pouco.
Simplicidade, quem disse que preciso de 20 calças para ser feliz? Quem disse que o cartão de crédito sem freios cura minhas dores? Meus dissabores? Quem disse que o excesso nos faz falta??? O Natal chegando, o consumismo a mil, mesmo em tempos de crise. Aonde vamos com tantas bugigangas? Tantos enfeites? Tantas roupas que sequer chegaremos a usar? Tantas coisas inúteis? Desvirtuamos tudo sempre. Então decidi outro aspecto que julguei importante: Para cada peça que vier a comprar (não pretendo comprar nenhuma) ou ganhar, tenho que me desfazer de algo que já tenha, sem ultrapassar minha meta de quantidade por item. Ótimo, ao menos uma pessoa que tem apenas uma camiseta, uma calça, passará a ter duas; e têm tantos apenas com a roupa do corpo neste exato momento.
Sei que é uma postura até certo ponto insignificante perto de tantos necessitados, mas se outros tantos encontrarem dentro de si, um caminho particular para uma vida mais simples, fugindo da ostentação, dos excessos, do consumismo vil e desnecessário, quem sabe assim um novo horizonte mais iluminado brilhe para uma maioria que hoje assisti a tudo triste, com fome, sede, etc.
Minha pequena contribuição... Quem sabe não me contente com três peças logo mais. E se consegui fazer isso com roupas, o quanto não posso fazer com minhas mazelas internas hein? Ferir menos, enraivecer-se menos, ser mais paciente, calmo. Recuar na vaidade, inveja, egoísmo. Bem mais complicado não? Mas um dia chego lá, todos chegaremos! Afinal crescer, evoluir, desapegar-se e ser feliz com o que se tem, é um caminho mais seguro para tentarmos ir de encontro a tão sonhada paz interior e felicidade do que tanta matéria inútil. E você consegue desfazer-se daquela calça que adora? Ou aquela camisa linda que pagou uma fortuna (e nunca usou)? Tente! Aposto que será capaz e sentirá um alivio ao perceber que não lhe faz falta.

Ps: Minha mãe me olhou um tanto incrédula, antes praguejou um pouco. Chamei para uma conversa séria no quarto: Mãe, eu tenho algo sério a lhe dizer... Pelos dissabores amorosos recentes e variados por mim vividos, imaginou que eu iria virar padre ou missionário, viver recluso (recluso na casa dela o que é pior); Aposto que me imaginou aos 40 ainda em casa, comida no prato, coando o feijão pra mim (Deus é pai) então, deu-se por satisfeita quando (apenas) enchi três sacolas grandes com minhas roupas....

Um comentário:

Unknown disse...

Atitude inquestionável, crônica (posso chamar assim?), maravilhosa!