domingo, 21 de agosto de 2011

Sou

Sou o momento presente, uma brisa que passa, sou um segundo infeliz ou alegre. Sou uma palavra mal posta, um olhar irritado, uma atitude incoerente. Sou um sorriso ameno, um elogio sincero, uma manhã de sol num domingo. Sou o que suspira feliz alguns dias, mal come nos outros, ansioso, impassível . Aquele que olha os humanos com alguma fé, o mesmo que se indigna com a falta de educação, compaixão e imagina e pergunta se a baixeza e torpeza humana têm limites. Têm?
Sou um amigo sincero, às vezes escondido na minha concha, mas que nunca nega um abraço ou sorriso.
Sou este composto humano de contrastes, contradições, indignações, fé e ausência dela.
Sou muito do que aprendi, muito do que perdi. E se perdi muito, foi muito deste abençoado tempo em que passei escondido em mim mesmo. Tempo buscando respostas, os porquês de tudo, filosofando demais. Mas descobri (que ironia): não há resposta nenhuma, não há pergunta a se fazer, o imperativo é um só, têm 5 letras e deve vir acompanhado de um ponto de exclamação no final, apenas e tão somente: V I V E R! Porque o dia muda, os sonhos mudam, o tempo destrói alguns de nossos castelos, mas a vida, ah, está segue seu curso, inexorável, indelével, imutável. Pense quantas vezes você tentou agarrá-la pelos dentes, tentou desviar seu curso inutilmente?
Porque no fim, para além de todos os sonhos, perspectivas e desejos que ficaram pelo caminho, não temos muito, alias, não temos nada além do hoje.

sábado, 17 de abril de 2010

A utopia do amor romântico.




O amor dos contos de fadas só tem final feliz nas paginas ilustradas e lúdicas dos livros infantis. E não é uma visão pessimista, reflito apenas o que a maturidade (ainda que nem tanto de idade) emocional hoje me permite. Aquele retrato perfeito de amor incondicional, onde tudo são somente flores, tudo emana frescor e novidade, é de uma ilusão que prende a gente em um círculo de frustrações contínuas, e nos impede de viver feliz ao lado de outro ser e em um mundo real feito de pessoas reais, assim como eu, assim como você. Um tipo de amor muito mais real e possível de se viver é o amor companheiro, que une pela parceria, amizade, pela consciência, pela admiração, é o amor onde a troca estimula o crescimento do casal e nunca os estagnam. E onde temos a consciência da realidade (dura) da vida e ainda sim desejamos encarar a mesma ao lado de outro alguém, outro disposto consciente de suas limitações e ainda assim com vontade de fazer a diferença em nossa vida. Não em promessas de amor eterno, e sim com realizações e atitudes de afeto no hoje, neste momento, pois é ele que vale.

No estágio atual, com está gama de defeitos e inconstâncias que possuímos, com o bombardeio egocêntrico que a contemporaneidade nos impõe, neste mundo impessoal e descartável, onde a instituição família faliu pela completa dissolução dos valores morais, onde o sexo se banalizou ao limite extremo, onde os instintos primários navegam por nós sem controle, onde até o dito “sentimento” foi pasteurizado e industrializado e rende milhões de reais por ano em datas comemorativas repletas de presentes materiais e ocas de verdade e amor. Neste mundo tal qual conhecemos hoje, não temos a menor condição de viver algo semelhante aquele conto de fadas que idealizamos desde jovens e que devido a todos os fatores acima listados, tornou-se apenas uma sombra combalida de uma ilusão inalcançável e fonte irrestrita de sofrimento para quem dela ainda se alimenta.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Virtude.


"Existem duas classes de homens: os que vivem falando das virtudes e os que se limitam a tê-las."

Em qual classe você se encontra?

Acredito na virtude. Não na verborragia inútil. A palavra é vã, acredito em atos. Mas insistimos em tentar “comprar" nossa salvação.
Olhos marejados na missa de domingo, no culto evangélico, no centro espírita, as pílulas de salvação que resultam deste momento de encontro com "Deus", mas de lá saímos maldizendo o próximo, praguejando contra o tempo e invejando o carro novo do vizinho; para citar apenas exemplos menos torpes, mas sim, temos a ilusão fagueira de que "estamos fazendo nossa parte". O ser virtuoso não se escora em religião, ele representa o amor a Deus no exercício pleno de suas qualidades morais; ele representa de maneira singular, as boas semeaduras que falava o Cristo. O ser virtuoso não ludibria a si nem aos outros usando de palavras ou cinismo para alardear ao mundo qualidades que ele (não!) possui. O imperativo do ser virtuoso é ser, não dizer!
A palavra de Deus não está em letras, em palavras bonitas, frases bem feitas, livros e mais livros, mesmos os ditos “sagrados”, a palavra de Deus está em nossas atitudes, e sem transformar o verbo em ato o escrito não vale nada, não alimenta a alma de verdade e muito menos angaria para nosso ser valorosas virtudes.

Vide, larguemos mão desta retórica e mostremos ao mundo nossa intimidade com Deus nos pequenos gestos (ou grandes) de profunda conexão com o divino através de atitudes. Façamos jus aos salmos que gostamos de citar como mantras, mas que nem ao menos entendemos completamente seu significado. Apliquemos verdadeiramente no dia a dia as pílulas de esperança contidas nas frases e textos motivacionais que abarrotam nossos e-mails todos os dias. E está bela sementinha plantada no cotidiano pode e deve ser regada com atitudes simples e possíveis: um freio na nossa tão ferina língua; exercitando o dificílimo dom da humildade; lançando um olhar mais generoso ao próximo. Porque não são somente contribuições materiais que ajudam a quem precisa não, assistência também é dada num sorriso, numa palavra de apoio, de incentivo, em um elogio que resgata a autoestima ! Não salvaremos o mundo, mas façamos nossa parte com os recursos que temos em mãos, e recursos todos temos ! Quando a religião alicerça nossa busca pelo aprimoramento pessoal e moral, ela é bem vinda sim, seja ela qual for. Mas só neste caso. Quem a usa como lenitivo para o apagão moral que impregnou-se de forma indelével em seu ser, que deixe logo a hipocrisia de lado e perca a ilusão premente de que lágrimas de crocodilo ao ficar de joelhos perante o cristo crucificado, o pastor, o padre, o palestrante, o monge, irão melhorar sua imagem com o altíssimo. O cara lá de cima tudo sabe e tudo vê companheiro, a sua visão perpassa nossas intenções e no fim, todos sabemos que de apenas (boas?!) intenções não é bem o céu que se encontra repleto.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009


O olá dele foi o fim das despedidas dela.
A risada dela foi o primeiro passo deles pelo caminho.
As mãos dele seriam dela pra que as segurassem eternamente.
O eterno dele era simples como o sorriso dela.
Ele disse: ela era o que faltava
Ela disse que logo entendeu.
Ela era uma pergunta a ser respondida,
E a resposta dele foi: "eu aceito".

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O ato de por em palavras meus sentimentos e verdades, me levam a lugares muitas vezes desconhecidos do meu eu. Esta possibilidade me fortalece e traz a tona um pouco mais deste ser humano. Abaixo um pouco de mim, de você, de todos nós.
Ah nossa vida.

Ah nossa vida... Esta aventura ilógica.
Esta magnitude incontrolável das coisas.
Esta inquietude que pensei, passava aos doze.
Esta esperança incessante.
Esta carência vacilante.

Ah nossa vida... Que voa, não passa.
Que muda, magoa, destoa.
Que agradece, te esquece.
Os medos, os meios, os instantes.
O amor e sua figura esquiva e inebriante
Nossos sonhos perpétuos, mutantes. De manter-se são, de firmar no chão.
De voar sem medo, no abismo interior destes seres errantes, nós.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Prioridades.


È incrível notar o quanto estamos cada dia mais fechados e centrados em nós mesmos. Buscamos como ordem a prosperidade financeira, bem estar, conforto, status. E o deveria ser principal em nossas prioridades, vamos deixando num canto empoeirado do nosso ser.Aqueles motivos morais que deveriam nortear nossa vida, nossas escolhas, mas não. Tudo que nos move, normalmente fica aquém do essencial, e até nossos sonhos, ah os nossos sonhos, estes que poderiam ser tão mais expansivos, mais amorosos, mais humanos, que poderiam contemplar um universo ao menos minimamente maior, estes tem como núcleo tão somente nosso próprio ser e fundamentos comezinhos, vaidosos ou materiais. E é um círculo que se retroalimenta, posto que percebemos e recebemos do mundo, muito deste reflexo contemporâneo egoísta e impessoal.Forjamos com isto então, um álibe perfeito para tudo de mesquinho que fazemos e dizemos, e também para tudo que calamos de positivo que poderia ser feito e não foi.
E no fim, amor, generosidade, doação, compaixão, vão se tornando cada dia mais, palavras que só encontramos significado no dicionário, nunca dentro de nós! Sabemos muito bem falar sobre estas palavras, mas não a vivenciamos de forma verdadeira na nossa interação com o outro, com o mundo.
Termino com Vinicius de Moraes, falando sobre o amor. E como este sentimento maior perpassa todos os outros, a frase é totalmente relevante ao contexto da nossa vida moderna:

“Quem de dentro de si não sai, vai morrer sem amar ninguém”.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Eu tive um sonho, outro mundo é possível II





Num mundo ideal a força do nosso amor, seria como um raro cristal e permaneceria intacto (!) pelo tempo eterno que foge a brevidade das continuas ilusões prementes.
Num mundo ideal olharíamos o mar, boquiabertos da sua imensidão e dormiríamos juntos na praia, admirando o céu que de tão grande não cabe em nós, testemunhados por uma estrela cadente que riscou o céu só pra nos ver.
Num mundo ideal teríamos um cuidado imensurável com o outro, com nossos sentimentos, nunca esquecendo do eternamente responsável por aquilo que cativas.E riríamos de nós, de nossas tolas inseguranças, dos nossos pequenos grandes medos, cientes da fugacidade do tempo que nunca perderíamos a sombra das dificuldades diminutas.
Num mundo ideal dançaríamos ciranda aos 70, resgataríamos a nossa pureza infantil inata, ela foi corrompida sim, mas a buscaríamos seja lá qual for o cais em que esteja debruçada.
Num mundo ideal seriamos cônscios de nossa individualidade. Oferecendo espaço para o crescimento de cada um, apoiando, ajudando, oferecendo o braço amigo, a palavra amiga, nunca os massacrantes impropérios destilados nos momentos freqüentes que gritam nosso ego inflado.
Num mundo ideal viveríamos os sonhos de cada um a dois. Os seus seriam meus e os meus seriam seus. A felicidade só é verdadeira quando compartilhada, assim como os sonhos.
Seriamos os maiores admiradores um do outro, e mesmo com defeitos tão comuns a todos, está admiração só far-se-ia crescer e crescer e não teríamos medo do tempo, das rotinas, das horas lentas de décadas de convivência. O que destrói aos outros, só nos faria mais forte.
A chuva e o inverno não nos trariam más lembranças, nem finas melancolias. No aconchego do nosso lar, abraçados, confraternizando com a dádiva de aquecermo-nos um ao outro com o nosso amor, acharíamos graça destes desencontros que permearam com passagens tristonhas o caminho trilhado num passado desimportante de ambos.
No verão, iríamos ao parque aos domingos. Deitados na grama, contemplando a natureza e a vida que jorra como uma fonte eterna. Ali, a sós, admirados, servindo de moldura e complemento a uma beleza que não se dissolve neste nosso tempo perene.
E no fim, quando não restasse mais nada, ainda restaríamos nós.E deixaríamos nosso legado ao mundo. E permaneceríamos vivos eternamente na lembrança dos que compreendem e acreditam naquelas histórias mágicas que conduzem o fio da nossa esperança vida afora. Escrita com a verdade que tempo nenhum apaga ou destrói. Escrita com o cálido afagar do amor que desafia horas, anos e séculos. Escrita no vasto mundo interior, este sempre desconhecido mundo de cada um, que por sermos unos, penetramos mutuamente.