sábado, 17 de abril de 2010

A utopia do amor romântico.




O amor dos contos de fadas só tem final feliz nas paginas ilustradas e lúdicas dos livros infantis. E não é uma visão pessimista, reflito apenas o que a maturidade (ainda que nem tanto de idade) emocional hoje me permite. Aquele retrato perfeito de amor incondicional, onde tudo são somente flores, tudo emana frescor e novidade, é de uma ilusão que prende a gente em um círculo de frustrações contínuas, e nos impede de viver feliz ao lado de outro ser e em um mundo real feito de pessoas reais, assim como eu, assim como você. Um tipo de amor muito mais real e possível de se viver é o amor companheiro, que une pela parceria, amizade, pela consciência, pela admiração, é o amor onde a troca estimula o crescimento do casal e nunca os estagnam. E onde temos a consciência da realidade (dura) da vida e ainda sim desejamos encarar a mesma ao lado de outro alguém, outro disposto consciente de suas limitações e ainda assim com vontade de fazer a diferença em nossa vida. Não em promessas de amor eterno, e sim com realizações e atitudes de afeto no hoje, neste momento, pois é ele que vale.

No estágio atual, com está gama de defeitos e inconstâncias que possuímos, com o bombardeio egocêntrico que a contemporaneidade nos impõe, neste mundo impessoal e descartável, onde a instituição família faliu pela completa dissolução dos valores morais, onde o sexo se banalizou ao limite extremo, onde os instintos primários navegam por nós sem controle, onde até o dito “sentimento” foi pasteurizado e industrializado e rende milhões de reais por ano em datas comemorativas repletas de presentes materiais e ocas de verdade e amor. Neste mundo tal qual conhecemos hoje, não temos a menor condição de viver algo semelhante aquele conto de fadas que idealizamos desde jovens e que devido a todos os fatores acima listados, tornou-se apenas uma sombra combalida de uma ilusão inalcançável e fonte irrestrita de sofrimento para quem dela ainda se alimenta.