segunda-feira, 21 de abril de 2008

Quisera um amor

Quisera um amor que pairasse acima da minha insensata loucura.
Quisera um amor que sobrevivesse ao rancor, ao amargor do dia e a lágrima da noite.
Quisera um amor benevolente, que eterno e não etéreo fosse e ficasse.
Quisera um amor que entendesse minha carência vacilante, minha tola insegurança diante de tudo que desconheço.
Quisera um amor que soubesse mais de mim do que eu mesmo, e aquém de tantos defeitos encontrados dissesse: Eu te amo como nunca amei ninguém na face da terra.
Quisera um amor que considerasse minha lealdade, meu companheirismo, meu carinho e minha insana mania de demonstrar eloqüentemente tudo que sinto.
Quisera um amor compreensivo para com a minha ambigüidade, meu humor mambembe e meu olhar de cão abandonado.
Quisera por fim, um amor que regozijasse com o meu conjunto, que me amasse por meus méritos e qualidades, mas principalmente, que me amasse por toda fraqueza de um ser envolto em alma.

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Eterno recomeço

Na hora que a lágrima invade o dia claro, o azul do céu não consola. Ofusca e cega. Na hora que o coração pára, a descrença emudece. Na hora que as palavras perdem o sentido, a desconexão, o grito. Você treme, cala, desaparece. O quarto te engole, as horas te partem. Não há volta, o dito e feito não retrocedem mais. O ser não muda, modelasse. Mas em períodos longínquos, não como um raio. A percepção fica clara, te assusta te mata. Ninguém muda. Por quê?Você se pergunta, e finge não ver, é muito cedo pra crer. Descobrir que o ser que idealizou, vagou apenas, morou por um tempo na parede do seu sonho romântico, não era real, era miragem, só você enxergava sedento que estava. E o choque desta triste constatação? È brutal fere. Mas logo inventamos outra realidade, migramos de sonho, espaço. Precisamos!È a lei da sobrevivência da alma, ter sempre algo para acreditar, senão... Senão morre!E desvairados e fingidos desavisados, abrimos a porta para outro sonho, outra imersão. Até que está outra quimera do amor, mais uma vez se alastra, agiganta-se e por fim desaparece. E novamente reinventa-se o universo particular que por hora habitamos, mas... Até quando?

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Sobre o que vejo

É neste vale de valores ausentes, fonte profícua de futilidades ímpares que sigo em frente.

Ensimesmado e cada vez mais desconcertado que caminho. É secando as lágrimas que nem caem mais que sigo.

Não há volta. É irreversível este processo interno rumo ao deserto de sentimentos.
Não sopro palavras de uma felicidade inexistente aos meus ouvidos, pois, nada no meu mundo se parece com o sonho imantado daquele ingênuo menino de outrora.

Deixo o mundo aos felizes autômatos na sua sina vâ.

Agarrados perpetuamente na ilusão fagueira que conduz seus destinos.
Firmes na inconsciência que nem teima em aturdi-los.

Captando as mensagens subliminares que lhes trazem algum diminuto conforto.
Para mim só restou no vácuo, um resto de alegria que gira imperiosa, porém, dominada pela melancolia reinante.

Este reflexo da minha realidade te atordoa? Pois é a sua!

Sem ilusões. Elas não me bastam mais, e um dia também a ti não bastarão.

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Me aceite

Me aceite do jeito que sou.
Só eu sei o que vivi. Lá longe, desde que abri os olhos para a vida e as experiências se avolumaram, moldei-me as percepções dos meus sentidos, olhos e alma. Sou eu então, esta somatória impressa com tinta perene.
Não há formas, modelos, paradigmas que sirvam para todos. A minha verdade é turva, meu pequeno mundo particular é laureado de incertezas, meu cotidiano às vezes é de fuga em dia de sol.
Mas sobre o que fui, sou e serei, ninguém saberá mais e melhor do que estes meus olhos indescritivelmente assustados.
Não tenha a pretensão de me julgar. Conservo a humanidade presente em cada um de nós, porém, como sou único e ímpar neste mundo e como tal não me bastam os clichês infindáveis sobre felicidade, alegria e tudo que se deve ser ou fazer para sentir-se minimamente confortável no mundo.

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Será

Será saudade do que foi, ou do que ainda virá?
Será o amor perdido gritando, ou o nascer do derradeiro?
Será angustia da solidão de hoje ou um rito que me fará mais forte?
Será este sorriso efêmero esboço mal-acabado daquele iluminado?
Está tudo certo, riscado e traçado por toda eternidade?

Será que o essencial “amor” tão invisível aos olhos um dia fará morada?
Trará as ilusões de sempre ou virá imantado de paz e a certeza que aos céus é rogada?
Só virá quando não mais procurar, ou independe da nossa esperança incessante?
Muitas escolhas, muitos destinos, mas qual será o nosso?